Água subterrânea no deserto do Saara

O deserto do Saara abrange uma área de 9,1 milhões de km² (maior que o Brasil) no Norte da África, cobrindo vários países entre as latitudes 18º a 30º N. Esta região nem sempre foi um deserto, há cerca de 5000 anos era úmido. Atualmente, a temperatura durante o dia fica acima de 30º C, podendo chegar a 50º C, com ventos intensos. Lá chove menos de 25 mm por ano, com pouca predizibilidade. Estas condições desfavoráveis produzem uma paisagem de areia e rochas, com pouca variação perto de oásis e nas bordas, quando se observa alguma transição.

A água subterrânea desta região sedimentar infiltrou de outro período geológico e possui da ordem de 150.000 km³ de reservatório subterrâneo, geralmente em profundidades acima de 50 m. Atualmente são retirados da ordem de 75 m³/s em toda a região. Este tipo de reservatório, como de outras regiões áridas do mundo, não possui reposição ou recarga que mantenha suas reservas nas condições climáticas atuais. A avaliação de tendência dos últimos anos, no entanto, mostra uma melhora na umidade do Deserto, com evidências de que a precipitação poderia estar aumentando com relatos de novas condições da flora e fauna nos seus bordos. (Leia mais: Sahara Desert Greening Due to Climate Change?)

Recentemente foi identificada uma grande quantidade de água subterrânea no local, mas em profundidades altas, as quais dificultam a exploração pela população pobre da região. (Veja neste link mais material sobre o assunto e distribuição espacial destes recursos).

Um cenário conhecido do deserto são os oásis, utilizados como parada pela população nômade. O oásis é uma área em que a água subterrânea está aflorante, resultado da recarga das áreas limítrofes mais altas. Estas áreas têm sido importantes para viabilizar a vida no deserto e manter ambientes específicos. Quando não existe água suficiente, é construído um Qnat, que é um canal subterrâneo com profundidade de 50 m que aumentam a drenagem de água para a parte baixa, no qual se localiza o oásis. Vários destes sistemas foram construídos nas áreas áridas do Norte da África e Oriente Médio.

Nas regiões áridas, como o Saara, o semiárido brasileiro, o Oeste dos Estados Unidos e sua parte central, é necessário ter melhor conhecimento da água subterrânea e seu comportamento para sustentabilidade. Um fator fundamental é a relação entre a recarga e a retirada para uso. Para regiões áridas, usualmente é retirada mais água do que sua reposição e num tempo finito esta disponibilidade poderá acabar.

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